"É difícil voltar a desenhar na minha idade, principalmente quando não se fez outra tentativa além das jiboias fechadas e abertas, aos seis anos!"
O aviador-narrador recorre ao estojo de aquarelas para tentar descrever o Pequeno Príncipe.
Como descrever o fantástico e maravilhoso?
Falta-lhe palavras e o desenho é mais eficaz, ainda que sem a destreza ideal.
O culto às aparências é tão grande que nada fala mais rápido que as imagens.
Tinha me esquecido dos números! Mas, e daí os números? Não passam de aquarelas mal desenhadas.
Escrevemos e desenhamos para não esquecermos porque comunicar parece ser um efeito colateral da escrita. Seremos contemplados se algum voyeur bisbilhotar nossas páginas avulsas.
Comunicar é uma sintonia com as convenções. Por exemplo: o que é sério precisa ser velho, insosso e sem cor. Por mais radiante que seja a mensagem (como a descoberta de um novo planeta) as pessoas apenas prestarão atenção se o mensageiro estiver vestindo um terno.
Isso atrasa tudo e um fato pode, com isso, ser apreciado somente muitos anos depois.
Nenhuma descrição é precisa e todo esforço de comunicação será simplesmente algumas aquarelas mal desenhadas.
"Provavelmente esquecerei detalhes dos mais importantes. Peço que me perdoem."
Também:
"Não gosto que leiam meu livro superficialmente."
Políticos, não há muito o que explicar nem como descrever seus atos.
"Vou arriscando então, aqui e ali."
Hy Ho!
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