--- Os homens --- disse a raposa --- têm fuzis e caçam. É assustador! Criam galinhas também. É a única coisa que fazem de interessante. Tu procuras galinhas?
Caçar é um esporte e todo esporte é a transformação em lazer de uma atividade que era essencial para a sobreviência no passado.
Muitos dos nossos brinquedos são "saberes congelados" e o esporte é o mais sofisticado dos brinquedos. Arremessar um dardo ou um disco, por exemplo; o alvo era um agressor e o agressor era o diferente, isto é, alguma tribo com outros costumes, outras roupas, além de outro idioma. Era fácil reconhecer o agressor, era fácil reconhecer o diferente.
Raposas são diferentes de galinhas: raposas são matreiras e galinhas ingênuas; raposas são atentas e ágeis e galinhas são distraídas ao ponto de irem pra panela.
Os homens caçam raposas porque elas lhes roubam as galinhas.
As raposas são poucas e aparecerm ocasionalmente, as galinhas se multiplicam à esmo ainda que lhes tiremos os ovos. Adaptadas ao confinamento e por não haver espaço pra todas, justifica-se o abate.
É muito comum vermos galinhas abatidas!
As galinhas poderiam ser definidas pela frase; "meu pescoço por alguns grãos de milho", aliás, "de grão em grão enche-se o papo". Claro que sim, existe o breviário das galinhas! Elas justificam a plenitude da vida entre migalhas com belas citações edificantes.
Homens são diferentes de crianças, de galinhas e de raposas. Num olhar precipitado, tudo aquilo que é diferente do homem se confunde entre si, por ser diferente e confuso, por certo, uma agressão; e como os homens não têm tempo para ficar com as crianças preferem deixá-las com as galinhas, por que, além da indisponibilidade das raposas, tal convívio seria muito perigoso. As raposas ensinariam às crianças a vida em liberdade.
As galinhas são dóceis quanto ao ensiono do bom comportamento!
Impedidas de continuarem crianças, elas serão no futuro qualquer coisa ao sabor da fortuna. A maioria será fadada a condição de galinhas, algumas serão sequestradas pelas raposas e uma seleta dinastia terá a instrução adequada para ser modelada em homens.
Aberrações serão as que continuarem crianças, as aluadas com a cabecinha em outros planetas.
É vantajoso para os homens criar galinhas;
É divertido para os homens caçar as raposas;
É arriscado para os homens competir com outros homens;
É um transtorno para os homens interromper os próprios afazeres para responder aos questionamentos das crianças.
O fato é que cada perfil cobrará o lhe parecer de direito: a galinha o milho, a raposa a galinha, o homem a caçada e a criança as respostas.
Coser este tecido aparentemente espontâneo é tarefa do político.
Hy Ho!
domingo, 24 de junho de 2012
quarta-feira, 6 de junho de 2012
Nada é perfeito ou O Pequeno Príncipe para Políticos XII
--- Nada é perfeito - suspirou a raposa.
Nem só de raposas vive a Política mas também de suspiros!
O desalento da expresssão "nada é perfeito" em nada deve confirmar o comodismo, embora seja cômodo confirmá-lo.
A ideia aqui é de que nada satisfaz 100 % e também que, numa Democracia plena, viveremos com liberdade de expressão e, portanto, constantemente contrariados.
A astúcia da raposa é resultado da experiência de quem caça e é caçado. Na Política não precisamos ser espertos para prejudicar alguém, porém é essencial não sermos ingênuos para nos defendermos, inclusive de nós mesmos. Taí, o valor de nossa toalete diária !
Por mais adrenalina que haja no jogo da caça chega um momento em que ele se torna monótono.
Muita vezes nos esquecemos da nossa Agenda original e os motivos que nos fizeram ingressar na Política. Recordando: foi por estarmos insatisfeitos com alguma coisa. Quem nos elegeu o fez por alguma insatisfação.
Como alterar o rumo dos acontecimentos, remover causas e atenuar prejuízos se revelam como trabalhos hercúleos, quando percebemos a nossa limitação diante dos fatos, corremos o risco do desalento e da indiferença.
--- Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos.
E, cada vez mais dentro da cápsula, tentamos imaginar o que o povo pensa sobre os políticos:
--- Eu não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas.
Como se não bastassem todas as circunstâncias que distanciam o político do povo e o povo do político, ao alargar o fosso, ambos começam a padecer de delirium persecutorum.
Sem oportunidades de diálogo não há como despertar colaboradores e os problemas continuam. Surgem, daí, os profissionais em prolongar os problemas, dilatando o fosso o máximo possível.
Deste tipo de caçada se cristaliza uma cultura letal: a de atribuir ao outro os defeitos que temos e queremos esconder e também o de achatarmos o outro para nos sentirmos maiores.
No mais:
--- Eu não posso brincar contigo - disse a raposa. --- Não me cativaram ainda.
Hy Ho!
Nem só de raposas vive a Política mas também de suspiros!
O desalento da expresssão "nada é perfeito" em nada deve confirmar o comodismo, embora seja cômodo confirmá-lo.
A ideia aqui é de que nada satisfaz 100 % e também que, numa Democracia plena, viveremos com liberdade de expressão e, portanto, constantemente contrariados.
A astúcia da raposa é resultado da experiência de quem caça e é caçado. Na Política não precisamos ser espertos para prejudicar alguém, porém é essencial não sermos ingênuos para nos defendermos, inclusive de nós mesmos. Taí, o valor de nossa toalete diária !
Por mais adrenalina que haja no jogo da caça chega um momento em que ele se torna monótono.
Muita vezes nos esquecemos da nossa Agenda original e os motivos que nos fizeram ingressar na Política. Recordando: foi por estarmos insatisfeitos com alguma coisa. Quem nos elegeu o fez por alguma insatisfação.
Como alterar o rumo dos acontecimentos, remover causas e atenuar prejuízos se revelam como trabalhos hercúleos, quando percebemos a nossa limitação diante dos fatos, corremos o risco do desalento e da indiferença.
--- Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos.
E, cada vez mais dentro da cápsula, tentamos imaginar o que o povo pensa sobre os políticos:
--- Eu não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas.
Como se não bastassem todas as circunstâncias que distanciam o político do povo e o povo do político, ao alargar o fosso, ambos começam a padecer de delirium persecutorum.
Sem oportunidades de diálogo não há como despertar colaboradores e os problemas continuam. Surgem, daí, os profissionais em prolongar os problemas, dilatando o fosso o máximo possível.
Deste tipo de caçada se cristaliza uma cultura letal: a de atribuir ao outro os defeitos que temos e queremos esconder e também o de achatarmos o outro para nos sentirmos maiores.
No mais:
--- Eu não posso brincar contigo - disse a raposa. --- Não me cativaram ainda.
Hy Ho!
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