"--- Por favor ... desenha-me um carneiro!
--- O quê?
--- Desenha-me um carneiro"
A vida de um político começa e termina com um pedido!
O político vive imerso num ininterrupto assédio de pedidos, uns bastante banais e outros tão inusitados.
Todo problema é fonte de inúmeros pedidos, mas é extraordinário quando um político se depara com alguém que conhece a solução para os próprios problemas e lhe solicita apenas a ação para resolvê-los.
Com um imperativo hesitante e gentil, tais pessoas falam com uma autoridade pueril sem permitir escusas ou demostrações de impotência.
E pelas palavras do narrador "quando o mistério é impressionante demais, a gente não ousa desobedecer. Por mais absurdo...
" Também, pudera! Todo político está sob pilhas de prioridades inconclusas, no deserto e com o avião quebrado.
Mesmo assoberbado numa Agenda de intermitências, ninguém é insensível ao ponto de não atender pessoas tão resolutas, mesmo que seja com a inteção de dissuadi-las.
--- "eu não sei desenhar"
--- "Não tem importância. Desenha-me um carneiro."
O mais encantador disto tudo é o Pequeno Príncipe apreciar a pouca habilidade do narrador e não ver nisto um fator limitador.
Tirando uma folha de papel e uma caneta do bolso (basicamente as ferramentas necessárias para expor uma ideia), o narrador se põe a desenhar contrangido e inseguro.
Vários desenhos foram rejeitados com os comentários de parecer um carneiro doente, de parecer mais um bode ou de ser um carneiro muito velho e o desfecho vem com a especificação do pedido: "--- Quero um carneiro que viva muito tempo."
Aqui eu penso no maravilhoso senso de humor do autor porque a resposta para tal especificidade foi um desenho totalmente impreciso: uma caixa com furos em que o carneiro desejado só estaria representado na imaginação do intransigente menino que aceitou o jogo ainda apontando problemas derivados da angustiada solução.
A dinâmica política, por depender de um infinito de variáveis, não permite um planejamento exato e muitos menos a ação adequada ou considerações definitivas. Um elemento novo trepida o tabuleiro, turva a vidraça ou faz novas demandas serem percebidas.
Claro, diante destes fatores, as soluções serão precipitadas ou precárias, mas ansiamos por soluções dotadas de longevidade e talvez a solução não esteja nas formas já desenhadas e sim na maneira como olhamos para o problema.
Essa é a contribuição mais valiosa de um político: incluir ou excluir elementos para dimensionar o problema e quanto mais arguto for o político melhorres serão os resultados alcançados.
Melhor é a comunicação, mais envolvido e colaborador será a própria pessoa que pediu as ferramentas para a solução.
Hy Ho!
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